12 de outubro de 2010

Comunidades virtuais

Comunidades virtuais


A construção de uma comunidade de aprendizagem, com o instrutor participando como membro igual, é o veículo pelo qual a educação on-line é mais bem-ministrada
A pesquisa continua demonstrando que a construção de uma comunidade de aprendizagem, com o instrutor participando como membro igual, é o veículo pelo qual a educação on-line é mais bem-ministrada. Além disso, o foco na comunidade reduz o isolamento e aumenta o sentido de inclusão democrática para todos os alunos do curso. Como desenvolver comunidades de aprendizagem efetivas continua sendo um mistério para alguns. Este artigo explora conceitos e técnicas específi cas que podem ser utilizadas em qualquer aula on-line para desenvolver uma abordagem de comunidade de aprendizagem.


FOCANDO NA COMUNIDADE
Mesmo instrutores experientes têm algo a aprender sobre a criação de uma comunidade de aprendizagem on-line. Não é fácil livrar-se de valores e idéias tradicionais na arena acadêmica. Comunidades de aprendizagem reduzem o isolamento do aprendiz e criam um espaço ara a participação democrática no curso, pois todas as vozes têm o mesmo peso. Isso conduz aos resultados desejados de aumento do pensamento crítico e da aprendizagem transformadora.
Contudo, os alunos não migrarão automaticamente para uma abordagem de comunidade de aprendizagem. Existe a necessidade de ensinar os aprendizes a aprender. Três aspectos estão relacionados a essa tarefa: ensinar os alunos a se tornarem melhores aprendizes, ensinar os alunos a investigarem e construírem conhecimento e ensinar os alunos a se auto-orientarem. Comunidades de aprendizagem podem ajudar nessa tarefa, razão pela qual a capacidade de desenvolver e sustentar uma comunidade de aprendizagem torna-se uma competência importante para instrutores on-line.


O PAPEL DA PRESENÇA
Em nossos livros, discutimos não só o conceito de presença social e sua importância no desenvolvimento de uma comunidade de aprendizagem (Palloff e Pratt, 1999, 2003, 2005, 2007), mas também a negociação de papéis como parte de sua implantação. Sem dúvida, para que as pessoas na comunidade ajam de acordo com os papéis necessários para fazê-la funcionar, deve haver um entendimento de quem é cada um como pessoa real, juntamente com um forte sentido de inclusão. As tarefas incluem, em primeiro lugar, a seleção, a organização e o desenho de conteúdos, atividades e avaliação e, em segundo lugar, a facilitação do curso. Acreditamos que, para desenvolver uma comunidade de aprendizagem on-line efetiva, todas essas funções precisam ser compartilhadas com os aprendizes: eles precisam ter o poder de assumir responsabilidade pelo próprio aprendizado e pelo dos colegas.
A presença social vem em primeiro lugar, pois a capacidade de formar vínculos como pessoas constitui a base da comunidade de aprendizagem. Os papéis e as tarefas emergem daí e dependem totalmente disso. Desenvolver uma comunidade de aprendizagem requer o estabelecimento de um meio pelo qual essa conexão entre as pessoas possa ocorrer e o desenvolvimento de atividades de aprendizagem que possam sustentar esse processo.


ENGAJAMENTO ON-LINE
Nossa concepção de comunidade de aprendizagem on-line leva em conta as pessoas envolvidas (presença social) e a função social, as políticas e os processos envolvidos, que chamamos de fi nalidade e que coincide com a presença do professor, e o processo em si, que inclui a interação e a comunicação que sustentam a presença cognitiva. Incluímos a necessidade de prestar atenção à tecnologia na área de processo, pois sem isso não pode haver comunicação on-line. Se esses elementos são considerados em uma aula on-line, o resultado é o engajamento democrático dos alunos com o conteúdo, dos alunos uns com os outros e dos alunos com o instrutor. Para determinar se a comunidade realmente se formou e tornou-se parte integrante do curso, os seguintes resultados devem estar presentes:
● interação ativa, envolvendo tanto o conteúdo do curso quanto a comunicação pessoal;
● aprendizagem cooperativa, evidenciada por comentários aluno-aluno mais do que alunoprofessor;
● significado socialmente construído, evidenciado por concordância ou questionamento, com a intenção de obter concordância em questões de significado;
● compartilhamento de recursos entre os alunos;
● troca de expressões de apoio e encorajamento os alunos, assim como disposição de avaliar criticamente o trabalho dos outros (Palloff e Pratt, 1999, 2007).
Quando esses elementos são observáveis, o professor pode ter segurança de que os alunos estão envolvidos no curso. O pensamento crítico é evidente, e a aprendizagem está ocorrendo.


TÉCNICAS DE CONSTRUÇÃO DE COMUNIDADEBaseados em nossa experiência com o desenvolvimento e a sustentação de comunidades de aprendizagem on-line, recomendamos as seguintes técnicas:
Inicie o curso pelo enfoque no desenvolvimento da presença social. A publicação de biografias e apresentações pode ser promovida pelo uso de atividades de descontração, divertidas, cujo intuito é ajudar os alunos a se conhecerem melhor.
Estabeleça diretrizes de engajamento. A publicação de um conjunto de diretrizes desenvolvidas pelo professor e a solicitação aos alunos de uma resposta a elas ou do desenvolvimento de suas próprias diretrizes pode auxiliar nesse processo.
Estabeleça diretrizes de participação mínima. A participação mínima que se espera deve ser incluída nas diretrizes, com o entendimento de que, quanto maior, melhor.
Permita aos alunos discordar. A discordância profissional sobre questões é saudável e deve ser estimulada.
Desenvolva um curso emocionante e instigante. Os alunos, quando têm a oportunidades de trabalhar juntos, em pequenos subgrupos, desenvolvem a criatividade e a capacidade de pensar criticamente.
Incorpore atividades cooperativas e oportunidades para reflexão. A atividade reflexiva deve ser incorporada ao curso e serve para aprofundar seu impacto.


CONSIDERAÇÕES FINAIS
Acreditamos firmemente que a comunidade de aprendizagem on-line é o veículo pelo qual ocorre a aprendizagem em um curso on-line, independentemente da matéria. A pesquisa indica que, quando esse tipo de práticas instrucionais e o desenvolvimento de uma comunidade de aprendizagem são o foco de uma aula on-line, a participação e a satisfação dos alunos aumentam. A sua competência como aprendizes aumenta graças a essa abordagem, e o resultado é uma aprendizagem vitalícia. A atenção ao desenvolvimento de uma comunidade de aprendizagem no início de um curso on-line é um tempo bem-empregado.
AUTORES
RENA M. PALLOFF E KEITH PRATT
Sócios-diretores do Crossroads Consulting Group e diretores do programa Ensinando na Sala de Aula Virtual, da Fielding Graduate University (Estados Unidos).
REFERÊNCIAS
PALLOFF, R.; PRATT, K. Building online learning communities: effective strategies for the virtual classroom. San Francisco: Jossey-Bass, 2007.
Collaborating online: learning together in community. San Francisco: Jossey-Bass, 2005.
The virtual student: a profi le and guide. San Francisco: Jossey-Bass, 2003.
Lessons from the cyberspace classroom: the realities of online teaching. San Francisco: Jossey-Bass, 2001.
Building learning communities in cyberspace: effective strategies for the online classroom. San Francisco: Jossey-Bass, 1999.

Fonte: http://www.educarede.org.br/educa/index.cfm?pg=revista_educarede.especiais&id_especial=321

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